Um assunto recorrente e que deixa muitas dúvidas para os pais é o tema das sestas. Para isso, quisemos trazer para esta conversa a Psicóloga e Terapeuta Mafalda Navarro, para nos explicar melhor sobre esta temática.
Em primeiro lugar, a Mafalda indica uma regra básica, que devemos ter um conta: quanto menos o bebé dormir de dia, menos vai dormir à noite. Mas porquê? O nosso organismo, quanto mais dorme, mais necessidade tem de dormir. Quanto mais os nossos filhos tiverem momentos de pausa, mais necessidade vão ter de dormir e melhor vai ser a qualidade do sono durante a noite.
Muitas vezes, os distúrbios do sono devem-se à falta ou pouca horas de sono diurno. Assim, hoje queremos poder ajudar a orientar melhor as sestas dos vossos filhos.
A Psicóloga Mafalda inicia a nossa conversa por afirmar que, o primeiro ano de vida é muito importante— o nosso organismo está sujeito a uma velocidade de crescimento muito grande e é um momento que não teremos mais na nossa vida. Isto implica que tenhamos que dormir, para termos um bom desenvolvimento e crescimento a todos os níveis. Este é o ano em que as crianças vão dormir mais!
Por norma, nos primeiros tempos, é normal a criança dormir entre 4 a 5 sestas por dia e ainda dormir a noite inteira. Contudo, à medida que o tempo vai passando e estas vão-se alterando e diminuindo. Mas, nunca devemos esquecer que todas esta variáveis vão depender das necessidades de cada bebé.
Como sabemos que as crianças necessitam de dormir? Temos de ver os sinais— está pouco atento, irritado ou esfregar o olho podem ser sinais de sono. Mas e como correu a noite? Se está bem disposto — pode ser sinal de que as sestas são boas e suficientes. Caso contrário, se não consegue adormecer ou se acorda muitas vezes — podem ser indicadores de sono camuflado, em que a criança não consegue ou não tem capacidade para descansar.
Quanto mais atividade as crianças tiverem, durante o dia, mais necessidade vão ter de dormir — há maior gasto de energia e precisam de compensar.
Outro ponto destacado: ver se a criança adormece com facilidade— se adormecer com facilidade é porque estava cansada e foi uma boa hora de ir para a cama; se, pelo contrário, não adormecer e ficar agitada, isso significa que o sono é tanto que a criança fica mais excitada e tem muita dificuldade em acalmar-se e a adormecer.
Para além de todos estes cenários, devemos sempre adaptar os momentos de sesta às necessidades da criança.
Por outro lado, quando temos uma criança que é mais bem disposta e não evidenciam tão facilmente sinais de sono, pode vir a verificar-se que a pequena pode estar com cansaço extremo e não consegue acalmar-se e sair desse estado de agitação. Devemos acalmá-lo e pô-lo a descansar.
Quais são as quantidades de sestas que uma criança necessita? Depende de vários fatores:
- Idade: a quantidade de sestas varia consoante a idade— um bebé de 1 mês não irá dormir o mesmo tempo que um bebé de 1 ano;
- Fase de crescimento: se o bebé se encontra numa fase de crescimento (cognitivo e motor) muito grande — aprender a falar ou a andar — necessita de mais descanso. Não devem faltar sestas.
- Atividade diária: uma criança que esteja muito tempo em casa e que seja pouco estimulada não terá as mesmas necessidades de sono do que uma criança que tem uma maior estimulação física e cognitiva.
A Mafalda acredita que as sestas devem ser adaptadas a cada criança, porém pode existir um padrão geral daquilo que pode ser a quantidade de sestas:
- Até aos 3 meses: por norma os bebés dormem e comem todo o dia. Caso não aconteça deve ser visto;
- A partir dos 4 meses: começa a existir uma alteração no número de sestas — 4 sestas por dia;
- 4/5 meses: existe uma espaçamento entre as sestas durante o dia;
- 12 meses: passam a 2 sestas por dia, dependendo do contexto em que estão;
- 15 — 18 meses: 1 sesta mais longa (preferencialmente depois do almoço)
A duração das sestas é importante ter atenção. Ainda, os momentos de sesta devem durar até quando a criança necessitar — cada criança é uma criança e tem as suas próprias necessidades.
A nossa terapeuta, também menciona a rotina e dinâmica familiar ser importante para este tema, pois deve haver um equilíbrio entre os momentos de descanso e o tempo de qualidade com os pais.
Uma nota: perguntar às crianças se têm sono não é a melhor opção— à partida vão dizer que não têm sono, quando na realidade têm sono. Devemos ter cuidado com as perguntas que fazemos, podemos estar a desrespeitar a resposta da criança.
Geralmente, as crianças não conseguem adormecer porque têm saudades dos pais e de passar tempo com eles. A sesta acaba por representar um tempo que não estão com os pais. É necessário explicar que as sestas são necessárias e boas e que no momento a seguir vão conseguir brincar com aquele brinquedo com os pais. Mas, também, pode acontecer o contrário, muitas vezes saltar sestas pode provocar cansaço extremo à criança, tendo dificuldades em adormecer. Tem de existir um equilíbrio.
Os dois aspetos que a Psicóloga destaca são: o ambiente em que as crianças fazem as sestas deve ser adequado e esse momento deve, ao mesmo tempo, ser adequado às circunstâncias; a maneira de adormecer é importante e deve ser trabalhada segundo a idade de cada criança.
Agradecemos à Mafalda Navarro pelo esclarecimento de dúvidas e por esta conversa cheia de informação interessante e necessária.
Deixamos aqui o vídeo da sua partilha sobre este tema interessante e de forma mais detalhada.
O vídeo está disponível na página do Facebook da Wedoble — https://fb.watch/lqqFymbMps/
E vocês? Como lidam com esta situação das sestas? Queremos saber quais foram os vossos truques e dicas e a vossa opinião.
